domingo, 7 de janeiro de 2018

Ao ponto a que isto chegou...


HISTORIA VERÍDICA


Seria cómico se não fosse trágico...

 PORTUGUESES, UM POVO FELIZ

LISBOA 16/05/16 – Segundo um estudo do Prof. José Colmeia vindo recentemente a público, os portugueses já podem ser felizes porque têm quem trate, por eles, das suas coisas  e, por isso, não têm de se preocupar ou incomodar com elas, nem têm de dizer mal de si próprios por aquilo que fariam com elas. Os portugueses podem agora apreciar e gozar “il dolce far niente” pois, de facto:
 
  • Da sua banca tratam os espanhóis.
  • Da sua electricidade tratam os chineses.
  • Dos seus combustíveis tratam os angolanos.
  • Da sua TAP tratam os brasileiros.
  • Dos seus aeroportos e espaço aéreo tratam os franceses
  • Do seu correio tratam os ingleses, franceses, alemães e noruegueses.
  • Das suas comunicações tratam os angolanos e os franceses.
  • Da sua moeda trata o Banco Central Europeu.
  • Da sua economia trata o Euro-grupo.
  • Do seu governo trata a Comissão da União Europeia.

O Estudo mostra também que os portugueses estão muito felizes por terem tantos amigos estrangeiros a tratar das suas coisas e que nunca irão perdoar ao PM António não ter deixado:
 
  • os mexicanos tratar do Metro de Lisboa e da Carris.
  • os franceses tratar do Metro do Porto.
  • os espanhóis tratar dos Transportes Colectivos do Porto.

porque tal significaria mais descanso e mais tranquilidade que os portugueses  teriam quanto ao tratamento das suas coisas. Foi um acto imperdoável não os deixar tratar dessas nossas coisas aliviando-nos desse incómodo.
O estudo do Prof. Colmeia assinala ainda que os poucos portugueses que ainda tratam das poucas coisas portuguesas que restam para eles tratar fazem um esforço para se parecerem com os amigos estrangeiros e, para isso, têm vindo a fixar residência na Holanda.

 

CVP – Agência de Notícias

OS PILOTOS E A IMPOSIÇÃO DE “BREVETS”


                                          OS PILOTOS E A IMPOSIÇÃO DE “BREVETS”
1/1/2018
                            “Eu não pensava que as tuas ordens tivessem uma
                             autoridade tal que um mortal pudesse permitir-se
                             de transgredir as leis não escritas, mas imprescri–
                             -tíveis, dos deuses. Porque não é de hoje nem de
                              ontem que elas estão em vigor, mas desde sempre
                              e ninguém sabe quando elas foram promulgadas”.
                              Antígona, filha de Édipo, a seu tio, o Rei Creonte,
                              que tinha recusado sepultura a seu irmão Polinices.
                              (“Antígona”, de Sófocles, Atenas, 440 AC.).

 Representação de “Antigona”, de Sófocles.

                                    “Quando aqueles que comandam perderam
                                      a vergonha, os que obedecem perdem o
                                      respeito”.
                                      Cardeal DE Retz.

      Há regras que não estão escritas e não precisam de estar escritas.
      É como se constituíssem em “Direito Consuetudinário”, pois vêm de sempre; de tempos imemoriais e cujas origens se perdem na bruma da memória.
       E não só consuetudinário, também de Direito Natural, tão esquecido e maltratado.
      São de tradição.
      Outras, ainda, derivam de simples bom senso, ou seja, o senso comum, que também ninguém sabe definir, mas que toda a gente entende o que é, ou o que significa…
      E não se trata de lendas e narrativas pelo simples facto que se praticam no dia - a - dia.
      Vem este arrazoado a propósito da imposição das “asas” aos instruendos que acabam os seus cursos de pilotagem e a quem são entregues os respectivos diplomas de formatura, acompanhados pelo ritual de imposição da “asa”, símbolo que o novo profissional do “ar” usará até ao fim dos seus dias.
      É um segundo bilhete de identidade.
      Existem cursos de pilotagem, em Portugal, desde 1916, tendo o primeiro tido lugar no aeródromo de Vila Nova da Rainha, onde funcionou a primeira escola militar de aviação. Neste curso, com início em 1 de Outubro, formaram-se 13 pilotos, cujos instrutores tinham sido formados em França e Inglaterra.[1]
      Este evento, pela importância que lhe foi concedido, mereceu que a imposição dos “brevets” – as tais “Asas”, tivesse lugar em sessão solene, na Sala Portugal, da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 10 de Maio de 1917.
      Como curiosidade refere-se que o primeiro aluno a completar o curso, foi o 2º Tenente da Armada, Eduardo Azevedo de Vasconcelos, em 29/3/1917.
      Quanto aos pilotos civis, o primeiro a ser formado em Portugal, foi Carlos Eduardo Blek, em 1925, ainda na Escola Militar de Aviação, em Sintra.[2]
      A razão para tal deveu-se ao facto da primeira escola civil de aviação, remontar a 1930, em instalações cedidas, na Granja do Marquês, onde funcionava a Base Aérea nº 1, tendo sido criada no seio do Aeroclube de Portugal, instituição de referência, fundado em Lisboa, em 27 de Abril de 1909.
     E, tanto quanto a nossa vista alcança e o conhecimento adquiriu, sempre os “brevets” foram apostos no lado esquerdo do peito, junto ao coração, por outros pilotos, com destaque para os instrutores de voo.
     Tal era, e é, válido, tanto no âmbito civil como militar.
      Creio que nem sequer é preciso pedir emprestado a Lógica, para defender que as coisas se devem passar assim.
      Não se trata de perpectuar falsos elitismos, embora os pilotos pela sua formação e especificidade tenham direito a tal “título”, que devem assumir naturalmente, sem egocentrismos ou arrogâncias descabidas.
      Tão pouco se trata de exibir complexos de casta ou ritual de tribo, muito menos representa um pacto de sangue de uma qualquer associação secreta.
      É apenas o corolário lógico e natural do fim de um percurso difícil, selectivo, exigente e peculiar que é ensinado numa “sala de aula especial” que se move na atmosfera, desafiando as leis da gravidade; em que a passagem dos ensinamentos é feita de um para um (um instrutor para um aluno), tudo se passando num âmbito e numa ambiência única.
      Única, porque deriva da própria natureza das coisas e é irrepetível noutras profissões.
      Ora tal permite e origina o estabelecimento de uma convivência que desenvolve uma maneira de ser e estar também ela única e típica.
       Sem embargo destes aspectos serem mais acentuados nos pilotos militares do que nos civis, por razões que não vou agora dilucidar.
      Serem os pilotos a imporem as asas aos futuros pilotos tornou-se assim, um Princípio e um princípio doutrinário. E, na vida, nós devemos ser flexíveis nas técnicas, nas tácticas, nas fórmulas, na organização, etc.. Mas devemos ser inflexíveis nos Princípios.
      Mas como a natureza humana é insondável, sempre aparece alguém que não se conforma com aquilo que o tempo sedimentou e a tradição e o senso comum, instituíram como norma.
      Quer seja por egoísmos de umbigo; gostar de andar em bicos de pés ou, simplesmente, porque “se há governo, eu sou contra” (tradução livre do castelhano).
      Nada disto, porém, tem a ver com adaptações indispensáveis ou ajustadas ao evoluir da Sociedade, ou do “negócio” mas, simplesmente, a circunstancialismos de ocasião, modismos transitórios e a relativismos vários, dos quais o (relativismo) moral não é o menos despiciendo.
      Raramente existe alguma boa ou recta intenção envolvida.
      É sabido (ignoro por quanto tempo…) que na vida militar existem regras e disciplina, que definem e normalizam grande parte do comportamento e defendem, mais facilmente os seus servidores (não “trabalhadores”, tão pouco “colaboradores”) de injustiças e arbítrios.
      Tudo isto cria uma ordem. Ora a Ordem liberta mais do que oprime…
      Não é assim na vida civil (embora haja excepções, que servem para confirmar a regra).
      Qualquer filho d’algo que tenha negócio montado, apenas quer uma regra, que é não ter regra nenhuma.
      Ou seja querem ter a “liberdade” (ou libertinagem?) para fazer o que lhes apetece, quando lhes apetece, ou convém. Ou julgam que lhes convém.
      Ora foi uma cena destas que se passou numa recente imposição de asas numa escola de pilotagem: foi permitido a um não piloto, com alegações frustres, colocar “asas” em futuros pilotos.
      Quando os princípios ancestrais e que não estão errados, mas certos, deixam de ser cumpridos por quem tem o dever de o fazer, ou a censura social não é suficiente para refrear a asneira, deve pensar-se em regulamentar os eventos.
      À consideração de quem de Direito.


                                        João José Brandão Ferreira
                                            Oficial Piloto Aviador


[1] O Serviço de Aeronáutica Militar foi criado por lei de, 14 de Maio de 1914.
[2] Carlos Bleck realizou o seu primeiro voo (15’), no então “Grupo de Esquadrilhas de Aviação República”, sito na Amadora. A 21 de Novembro foi admitido na Escola Militar de Aviação como piloto civil, mas razões de saúde levaram a que só em 1925, pudesse fazer o curso. Fez parte da Direcção do Aero Clube de Portugal, que fundou a primeira escola de aviação civil. Foi um verdadeiro pioneiro do AR!

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

O PAÍS E AS MENSAGENS DE NATAL E ANO NOVO…



                                  O PAÍS E AS MENSAGENS DE NATAL E ANO NOVO…
1/1/18

                          “Na maioria das sociedades actuais falta
                            geralmente aos homens públicos, o valor
                            não só para praticarem o Bem, mas, até,
                            para praticar fracamente o mal”.
                            Alexandre Herculano 
                            (História de Portugal, Tomo 1, p.10,
                             Bertrand, Lisboa, 1980-82.)
                            “Santa Catarina de Siena em diálogo com Deus (“O Livro”),
                              a pensar nos inocentes pede a Deus misericórdia para
                              aquelas cidades (Sodoma e Gomorra).
                              Deus respondeu-lhe: ”Se houvessem dez justos na cidade,
                              ela não seria destruída”!

      É tradição nesta quadra de Natal e Ano Novo, o Cardeal Patriarca de Lisboa, o Chefe do Governo e o Presidente da República, falarem ao país.
      O Cardeal Patriarca fala na véspera natalícia; o PM, no próprio dia de Natal e o inquilino de Belém, arenga no primeiro dia do ano.
      Seria uma boa prática não fôra duas coisas: a primeira sendo, que já não se consegue ouvir e aturar os políticos, nomeadamente os dois mencionados, já que nos massacram diariamente com a sua fala e a sua presença.
      Tais figuras só são batidas pela dos treinadores e dirigentes do Futebol e actividades afins, que em boa hora deviam ser degredados para as Selvagens, ou enxotados como refugiados para a Alemanha. Estou certo que a Senhora Merkel, na sua infinita filantropia, os iria receber de braços abertos e depois até lhes pagava uns milhares de euros para eles emigrarem para um outro sítio qualquer!
      E, em tudo isto, a comunicação social e o negócio que a sustenta, têm muitas culpas no cartório.
      Existe, aliás, um excesso de órgãos de comunicação social, que está hipertrofiada e nos inunda com toneladas de dejectos informativos, ao passo que censuram pertinências e pedagogia.
       Mas voltemos ao assunto, está o Cardeal Patriarca fora do aludido, pois fala pouco e fala bem, apesar de raramente sair do “política e religiosamente correcto”.
      Mas tal, representará, talvez, a consequência do cerco pouco amistoso, em que a Igreja Católica está posta que, a prosseguir, a irá fazer regressar às catacumbas romanas.
      Consequência também, da falta de combatividade, que caminha para uma situação de acobardamento por parte da generalidade da hierarquia e, por arrastamento, do seu “rebanho”.
      Um grupinho intitulado “Associação República e Laicidade” veio até, protestar contra o direito do Cardeal falar, alegando que vivemos num Estado laico. Pois é grupinho, o Estado é laico, mas a Nação não é…
      E creio que devemos fixar isto: do mesmo modo que a intolerância não deve ser arma dos fortes, a tolerância não pode constituir o refúgio dos fracos…
                                                                         *****
      A segunda razão pela qual estes momentos televisivos perderam qualquer acuidade e valor, é pela vacuidade do discurso. Bastava desejarem apenas, Bom Natal e bom ano novo e desculpem qualquer coisinha e estava o assunto arrumado.
      E poupavam-nos também ao regabofe das apreciações de todos aos dizeres uns dos outros…
       Mas não só pela vacuidade, mas também por algum desacerto e omissões, das mensagens expendidas.
      Dos problemas sérios que se colocam à Nação Portuguesa (termo liminarmente eliminado do vocabulário político) e ao seu esfrangalhado Estado – cuja única competência presente e reconhecida, é a de cobrar impostos – nem uma palavra.
      Deve ser para tentar dar Esperança…
      Quanto a aqueles (os problemas), podem ser resumidos em duas grandes áreas: a do “Poder” real, factor primordial em que se baseiam as relações internacionais e o bem – estar da população e que está directamente relacionado com o “Potencial Estratégico” do País e a sua situação Geopolítica (onde há que ter em especial atenção as ameaças); e a circunstância do “Relativismo Moral” e da perda e degradação dos “Princípios” Morais e Éticos em que a sociedade portuguesa está mergulhada.
      Não vamos abordar os primeiros, para nos cingirmos aos segundos, que são primordiais e condicionam todos os restantes.
      Mas sobre isto, repito, nem uma palavra se ouviu nas comunicações referidas.
      Como, de resto, não existe qualquer abordagem neste âmbito, por qualquer força politica, comentadores, organismos, instituições.
      Zero.
      É um não assunto.
      Ou seja é o assunto principal.
      De facto todo o mundo fala de problemas políticos, sociais, económicos, financeiros, até de segurança, etc..
      Mas ninguém fala (peço desculpa se cometo alguma injustiça) em problemas morais e éticos. Porque será?
      Queima as mãos a toda a gente? Ninguém quer ser apodado de moralista? Os telhados de vidro são assim tantos? Andam distraídos? Têm medo? Acham que não tem importância? Que mais?
      Pois é, meus caros, a falta de ética e moral espalhou-se como uma mancha de óleo e afecta tudo e todos…
      Basta estar minimamente atento ao dilúvio de notícias (e também de desinformação): não há um santo dia em que não venham a lume várias barbaridades; poucas vergonhas; má criação; crimes vários; corrupção em paletes (isto da corrupção está a ficar endémico e perverte tudo!), etc..
      Deixou de haver áreas da sociedade imunes a este flagelo que se propaga à velocidade dos vírus…
       E isto apesar dos tribunais estarem entupidos com casos incríveis; as prisões a abarrotar, apesar das leis estarem feitas para protegerem quem se porta mal e o ambiente geral ser perigosamente permissivo.
      Ora é este problema crucial (Moral e Ético), que origina o problema político (vidê agora essa escabrosa tentativa bandoleira de alteração da lei do financiamento dos Partidos – que são, aliás, o cancro do Regime…), que por sua vez origina os problemas financeiros, os quais, por sua vez, geram os problemas económicos, tudo resultando, no final num problema social.
      Ora não se atacando as raízes do mal jamais se poderá emendar o que está a montante.
      Combata-se ainda a “ideologia” – que nunca resolveu nenhum problema – e a ganância – que inventou o juro, que levou à usura – e implemente-se os 10 Mandamentos (que diabo, são só 10), suficientes para harmonizar a sociedade.
      Finalmente, contrate-se uma dúzia de juristas competentes (e dos que tenham moral e ética), a fim de darem forma legal à maioria dos ditados populares, que representam sínteses de conhecimento sensato e real, caldeado por séculos, quiçá, milénios.
      E chega.
      Só é preciso garantir no Poder uma mão cheia de abencerragens honestos, competentes e corajosos, para tal implementar.
      A questão é saber - e deve partir-se do princípio que Deus está atento - se ainda restam dez justos na cidade.


                                           João José Brandão Ferreira
                                                Oficial Piloto Aviador