quarta-feira, 28 de novembro de 2012

SERÁ QUE A “DESCOLONIZAÇÃO” CHEGOU À EUROPA?

Depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, a URSS implodiu e, num curto espaço de tempo, teve que dar a independência (apesar de, nalguns casos, a mesma ser mais formal do que real) a várias “Repúblicas” do seu vasto império, agregadas a ferro e fogo, à medida que os eslavos russos foram cavalgando as estepes.

Durante muitas décadas o governo soviético andou a espalhar guerras pelo mundo, que apelidou de “libertação” na mira e em nome do “internacionalismo proletário” e na lógica da “Guerra Fria”. Ao mesmo tempo que mantinha a sua bota imperialista sobre a Europa Oriental.

Nunca lhe ocorreu questionar – nem a muitos outros, nomeadamente os que atacavam Portugal – se o que faziam aos povos contíguos, não seria colonialismo, ou até pior!

Será que foi por eles terem ido a cavalo e os europeus de navio?

Livres dos russos e com o Comunismo desacreditado logo rebentaram os nacionalismos na Jugoslávia. Esquecidos os europeus que os Balcãs são a região mais fracturada e fracturante do Velho Continente, logo as principais potências ajudaram ao desmembramento daquele país, sendo os objectivos díspares.

Nesta acção destacou-se a Alemanha que espoletou, verdadeiramente, a guerra por aquelas paragens ao reconhecer a Eslovénia, sem ter dado cavaco à UE e à NATO.

Os EUA escavacaram o resto sem querer saber das consequências para os europeus, muito menos para as populações da área.

Voltaram a arranjar um inimigo para a Nato – que estava num impasse sem saber que uso dar aos meios de que dispunha – e inventaram um Kosovo independente à revelia de qualquer senso político. Afinal aquilo é o “quintal das traseiras” da Europa, eles que se desengomem!...

A Espanha, na previsão do contágio que semelhante exemplo podia ter no mal - amanhado (mas muito democrático) xadrez autonómico, que engendraram, logo se apressou a não reconhecer tal independência.

A época pós Tejero Molina abandalhou muito a Espanha mas, em Madrid, ainda há quem se lembre que foi capital dos Habsburgo…

O exemplo frutificou: a seguir veio a Checoslováquia que se separou pacificamente pois não tinha razões para ser de outro modo, dado as duas partes serem homogéneas e equivalentes e estarem coladas com cuspo.

E começaram a afirmar-se nacionalismos na Escócia, Córsega, Norte de Itália e os já clássicos País Basco e Irlanda do Norte. Outros espreitam.

Isto claro, para já não falar na Bélgica que é um país artificial, que esteve, há pouco, mais de um ano sem governo e que, aparentemente, só se aguenta por ter no seu solo as sedes da Nato e da UE…

Reveja-se a evolução do mapa político europeu ao longo dos últimos mil anos e verão que a única fronteira que não mexe é a portuguesa, desde 1297, salvo os 741 km2 referentes a Olivença e seu termo, ilegalmente ocupadas por Espanha, desde 1807, seguramente, desde 1815. Coisa de somenos, certamente, já que não incomoda as almas lusas, à excepção de meia dúzia de “patriotas”, termo que virou dos mais infamantes…

Mas até do outro lado do Atlântico pode vir a haver problemas.

Os Norte Americanos depois de terem atravessado rapidamente o continente até ao Pacífico, chacinando os bisontes e os índios, fizeram um novo país, metendo os indígenas sobreviventes em reservas e conservando a mão – de - obra escrava vinda de África.

Quando se viram livres dos “Casacas Vermelhas” e retiveram os impostos só para si, decidiram que também não queriam mais soberanias europeias no “seu” continente e vá de ajudar a correr com eles.

Depois pensaram que aquelas terras por onde tinham colonizado portugueses e espanhóis, faziam jeito e logo promoveram a política da canhoneira, à mistura com a doutrina isolacionista de Monroe, de 1823. O ponto crucial desta estratégia ocorreu em 1898, com a guerra miserável que fizeram à Espanha, em Cuba e …… nas Filipinas.

O resto também é conhecido.

Na segunda metade do século XIX as coisas correram de tal modo mal, que degeneraram em guerra civil entre 1861 – 65, entre o Norte industrializado e o Sul rural, que se queria separar da União e cuja fricção maior se deveu à emancipação dos escravos.

Esta guerra deixou marcas até hoje, que foram sendo esbatidas pelo tempo e pelo estatuto de superpotência entretanto conquistado.

Mas eis que, actualmente, os problemas económicos, financeiros e políticos são de tal monta, que estão a abrir brechas no todo, com petições a correrem em muitos estados contra o governo federal, algumas pedindo a independência.

A ficção pode sempre tornar-se realidade e, como diz o povo, cá se fazem cá se pagam…
*****
Vem tudo isto a propósito do que se vem passando na Catalunha.

A Catalunha pertenceu ao antigo Reino de Aragão, que foi uma média potencia no século XV, e que se uniu a Castela através do casamento dos respectivos monarcas, Fernando e Isabel, em 1469. De seguida aqueles que viriam a ter o título de “Reis Católicos”, juntaram forças para a conquista do Reino de Granada, formando-se deste modo a actual Espanha, em 1492.

E assim se tem mantido apesar da grande revolta entre 1640 e 1652, revolta esta que permitiu aos portugueses sacudirem o jugo Filipino e voltar a terem uma dinastia nacional, a partir do 1º dia de Dezembro de 1640 – data que o actual governo, parceiros sociais e PR querem, estupidamente, anular da lista dos feriados nacionais, quiçá da memória colectiva.

As feridas voltaram a abrir-se durante a Guerra Civil de Espanha (1936-39), entretanto suturadas à força, pela Falange de Franco, mas não saradas.[1]

Os fantasmas da independência voltaram a surgir nos últimos anos e a crise financeira só os agudizou.

Vai ser um problema bicudo que os povos da Espanha vão ter que resolver, de preferência sem derramamento de sangue.

Sendo um problema interno espanhol, o mesmo pode internacionalizar-se num ápice, como acontece quando qualquer problema possa ferir interesses de outras potências, independentemente dos “belos” princípios do Direito Internacional, entretanto proclamados ao ímpeto dos “ventos da História”, sempre soprados por quem goza do poder real, à época.

O que fere os sentidos, no caso vertente, é a impudicícia e o tom leviano e displicente como é tratado pela Comunicação Social e nos meios políticos, um tema dos mais relevantes, como é o caso da soberania das nações.

Dito de outro modo, discute-se, na praça pública, temas fundamentais da nossa existência como se estivéssemos a combinar uma ida ao cinema…

Outra coisa que impressiona é ver que a maioria da argumentação pró e contra a independência ter a ver com a solução política que garanta um melhor nível de bens materiais.

Então uma Nação e uma Pátria esgotam-se nisso? Tudo se resume a uma página de um (mau) contabilista, do “deve e do haver”? E se a situação reverter, muda-se outra vez de camisola?

Tem sido baseado nisto, aliás, que muitas parvoíces têm sido dito e feitas, entre nós, sobretudo relativamente à “Região Autónoma da Madeira”, e à argumentação idiota de muitos compatriotas, ao exalarem da boca para fora que “não se importarem de serem espanhóis, pois lá vive-se melhor”.

Já se esqueceram, certamente, que nos anos 40 e 50 do século XX, os “Manolos” andavam de alpergatas e com um cordel a fazer de cinto, e que o escudo valia duas pesetas até perto de 1974… Já deviam ter aprendido que os “fumos da Índia” são efémeros!

De facto as sociedades andam profundamente doentes e desequilibradas.

Substituir Cristo na Cruz, pelo cifrão da Wall Street, dá nisto. Como já tinha dado o deserto frio e árido do “Materialismo Dialético”, e como continua a dar a tentativa de substituir todos os Deuses pelo “Supremo Arquiteto”…

Não estando em causa o princípio da “Autodeterminação dos Povos” (que, recorda-se, nenhum governo português, até hoje, pôs em causa) não se pode, também, negar à restante Espanha o direito de se opor aos desígnios catalães.

A situação está longe de ser simples e pacífica, e para qualquer lado para onde nos viremos só se vislumbra um enormíssimo “saco de gatos”.

Em primeiro lugar a Espanha corre o risco de se partir toda, o que não é nada despiciendo de considerar. Depois temos que a Constituição Espanhola, naturalmente, proíbe separatismos. O Rei e os militares juraram a Constituição (presume-se que as cabeças dos restantes órgãos de soberania, idem).

O Rei “comanda” os militares (não é bem como cá); apesar de ser uma história (ainda) mal contada, foi Juan Carlos quem meteu os blindados de Milan del Bosch de novo nos quarteis.

É claro, que nos tempos que correm, já quase ninguém arrisca morrer por causas, mas estas coisas vão e voltam. Fiquemos por aqui.

Internacionalmente é igualmente complicada a situação. Em primeiro lugar a nível da Nato e da UE. A confusão seria mais que muita e, certamente, que a Espanha vetaria a entrada da “nova” Catalunha, nestas organizações.

A UE, por seu lado, tem muitas responsabilidades neste estado de coisas, por via do esbatimento de fronteiras, da tentativa de amalgamento das gentes, da “Europa das Regiões”, das negociações directas com Bruxelas, etc.. A partir do Tratado de Maastricht e do “Euro”, o “Politburo” europeu lançou os países aderentes num movimento uniformemente acelerado rumo ao desastre e à implosão!

E até pode acontecer que a Catalunha se transforme numa espécie de Covadonga ao contrário, isto é, local de início da reconquista muçulmana do “Al Andaluz”.

De facto a Catalunha tem a 3ª maior percentagem de emigrantes muçulmanos da Europa, depois da França e da Bélgica. E tem localidades onde essa percentagem sobe aos 40%. São já cerca de 450.000, ou seja 6% do total. E a maioria deles pertence ao ramo fundamentalista “Salafita” que defende essa reconquista, e apoia a independência…

Numa perspectiva mais alargada, convém lembrarmo-nos que o antigo Reino de Aragão não se confinava à Península Ibérica, entrava pelo sul de França (Aquitânia e Midi Pirenéus). Ora não estamos a ver a França, que já tem o problema do País Basco e da Córsega, teve três guerras com a Alemanha, com a questão da Alsácia Lorena sempre presente e tem outras potenciais zonas de fractura, a olhar para uma eventual independência da Catalunha de ânimo leve.

Do Reino de Aragão fizeram parte ainda as Baleares e a Comunidade Valenciana, hoje regiões autónomas (são 19…). Estas manter-se-ão assim ou quererão integrar um novo país?

Já agora, os antigos Reinos de Nápoles e das Duas Sicílias também foram Aragão durante muito tempo. Ficarão imunes? Aqui a questão será mais pacífica, mas o Estado Italiano, em pré bancarrota e com potenciais acções de secessão nas fronteiras do Norte, ficará tranquilo?

Quem aparenta estar tranquilo é o Estado Português, “no passa nada!”

Só tem olhos, ouvidos e narizes para a “Troika”. Anda de trela curta.

A esmagadora maioria da população tem dificuldade em se aperceber o que se passa, habituada (e anestesiada) que está a espreitar a “casa dos segredos” e empenhada nos eventos futebolísticos, que de nacional já quase não têm nada a não ser as dívidas.

Começou agora a vir para a rua, em desespero, gritar que lhe estão a ir ao bolso, depois de três décadas em que lhes calaram a consciência com “subsídios” emprestados, férias e eletrodomésticos a cartão de plástico e muita demagogia, a troco de votos…

O Governo continua, alegremente, a desmantelar os pilares da Soberania, sobretudo o mais importante de todos que é a Instituição Militar (parou um pouco nas polícias pois tem as barbas a arder).

E o Senhor Ministro para a tropa, perdão, da Defesa, anda empolgado em fazer acordos de defesa com a Espanha (com ou sem a Catalunha?)…

Para além dos problemas económicos que daí advirão, existem dois grandes perigos para o nosso país resultantes de um conflito na Catalunha: evitar que os “cacos” venham parar ao lado de cá da fronteira (recorde-se novamente a Guerra Civil de Espanha); e precaver-nos contra uma eventual tentativa de cobrança compensatória, relativamente a Portugal, como já aconteceu noutras crises do passado – Olivença também foi vítima disso – nomeadamente na sequela da Guerra de 1898, já citada.

A questão do contágio do exemplo para o nosso país não parece crível – apesar de tudo, a atitude do Dr. Jardim e dos seus sequazes, não passa de uma chantagem barata e de mau gosto, mesmo assim, inadmissível.

Portugal é o Estado – Nação mais coeso e perfeito, em todo o mundo e sempre exportou o seu modo de ser para todo o mundo onde arribou e só se foi desintegrando por acções externas.

Mas, cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

O Mundo foi sempre um local perigoso.

E tem dias piores.




[1] Outros marcos que merecem referência são a perda completa da autonomia da Catalunha, em 1714, na sequência da Guerra da Sucessão de Espanha e o renascimento moderno da autonomia política, no final do século XIX através do “Movimento Renaixença”, onde pontificou Francesc Cambó.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A RESTAURAÇÃO DO FERIADO DA RESTAURAÇÃO!

Esta ano as comemorações do 1.º de Dezembro são assinaladas de forma grandiosa, fruto do esforço do Movimento 1.º de Dezembro.
O ponto alto é o desfile nacional de bandas que abaixo se mostra o cartaz e abaixo segue o programa completo.



domingo, 18 de novembro de 2012

Por se julgar digno de realce junto se transcreve um comentário enviado

António Silva deixou um novo comentário na sua mensagem "O SUICÍDIO (LITERAL) DE PORTUGAL":

O pós-modernismo, movimento cultural sustentado pela síntese dos aparentes antagónicos comunismo e capitalismo, portanto, o reino ideológico do internacional-socialismo que se impõe hegemonicamente a todo o mundo, triunfou e não se vislumbram no imediato forças suficientes capazes de lhe fazer frente. O programa liberal que brotou com ênfase durante o Século XVIII, estendendo-se como uma praga um pouco por toda a Europa ao longo do Século XIX, está agora a chegar ao clímax. Foram 200 anos de hecatombes e de transformações político-sociais cuja acção abalou e desmoronou toda a concepção da realidade que o homem tinha construído ao longo de milénios. A mentalidade que produzia vida, particularmente ordeira, apurada pelos espíritos mais criativos que a nossa história filosófica conhece, foi substituída, após as sucessivas campanhas progressistas, por um outro tipo de mentalidade subversiva que desrespeita e despreza a vida.

A manutenção da vida, a continuidade do nosso sangue através da descendência é agora algo que o novo pensamento desaprova e condena. As pessoas que vivem para a família, que na família encontram a sua razão de ser e aí se realizam são alvo das mais pejorativas críticas, uma família constituída por mais de dois filhos já é considerada grande e, caso passe dificuldades, o novo pensamento suportado pela ética utilitarista apressa-se a responsabilizá-la pela ausência de um melhor plano familiar. Caminhamos, portanto, para a extinção.

Sem dúvida, o pior que o pós-modernismo engendrou foi a transformação do homem através de minuciosas operações ao espírito. Entre os ingredientes utilizados na cirurgia mental apontamos o individualismo, o relativismo, o materialismo e o feminismo. Inserido numa sociedade radicalmente agitada e acrata, o homem, hoje, na generalidade não passa de uma carcaça sem substância, tem uma bonita apresentação, mas, por dentro é oco, vazio, acomodado, sem objectivos e sem consciência. A fustigante solidão será uma companhia constante. Mesmo acompanhado o homem actual, vulgarmente, sente-se só pois não se identifica devido à perda de identidade.

Afirmamos, logicamente, que o homem pós-moderno se assemelha a um zombie. Olhemos pois à definição de zombie: “pessoa hipnotizada desprovida de consciência ainda que ambulante e capaz de responder a estímulos circundantes”.

Num caótico meio niilista, fruto das mais nefastas propagandas ideológicas e da manha demagógica, as pessoas ficaram apáticas, depressivas e ansiosas, desorientadas e sem objectivos, não descortinam qual a sua razão de viver, nem tampouco são já capazes de se governarem e de contribuírem para uma ordem que os proteja das ameaças estranhas. Caminhamos, portanto, para a escravidão.

Outra característica do homem alienado, fanatizado, tipicamente massificado, deriva da sua inconsciência acerca do Mal, o ensino ministrado nas últimas décadas, iludindo a razão, promoveu os vícios e condenou as virtudes, tudo revolucionando, trocou valores por contra-valores. Vivemos, logo, num ambiente rebelde sustentado na negação da realidade.

A quem interessam os zombies europeus? A resposta teremos que a procurar nos interesses dos inimigos eternos da velha Europa, teremos que revisitar a nossa História e estudarmos Religião. Tudo o que se passou, em termos culturais, após a instituição do Renascimento visava apenas um fim, o lucro. Tudo o que se fez desde essa altura serviu para abrir a porta aos interesses económicos, à exploração, o capitalismo nasceu com a abertura dos mercados. O auge de toda essa transformação acontece com a sociedade de consumo dos nossos dias onde a verdadeira solidariedade, que é o apoio que tem rosto, deixou de ser importante. De Revolução em Revolução, a rebelião contra a ordem cresceu, os mercados foram sendo cada vez mais abertos, provocando, obviamente, maior desprotecção nas nações, tornando-as presas fáceis dos exploradores sem fronteiras.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O SUICÍDIO (LITERAL) DE PORTUGAL

Portugal – que ainda é o nosso país, isto é, a terra dos nossos antepassados – está em suicídio, colectivo, acelerado.

Tal parece um contrasenso dado que, por hábito antigo, sempre associamos o suicídio a um acto individual e radical, em acabar com a vida – apesar de isso ir contra os Mandamentos da Lei Divina, mas fazer parte do “livre arbítrio”.

O livre arbítrio tem consequências.

Ora um país, por maioria de razão, o Estado – Nação que passa por ser o mais antigo em todo o mundo, é impossível de acabar de um momento para o outro[1], mais a mais quando se entrechoca a vontade de 10.5 milhões de portugueses (mais os 4,5 milhões espalhados pelo mundo) – se bem que em, 1975, sem perguntar nada a ninguém, se tenha alienado 60% da população e 95% do território…

Mas tem-se tentado.

Digamos que tudo teve um movimento uniformemente acelerado, após o golpe de estado em 1974. Em primeiro lugar em termos políticos, começando com o internacionalismo marxista, comunista e maoista parado, mas longe de extinto (nem ilegalizado), em 25 de Novembro de 1975. Deram-lhes, até, um ar respeitável…

Seguiu-se a inculcação dos valores da Maçonaria Universal que floresceram após aquela data (depois de nos terem brindado com cerca de 100 anos de guerra civil, a seguir às invasões francesas), apesar da ribaldaria das conversões e do império das negociatas, que se foram implantando; os iberismos idiotas (mas sempre perigosos) que sempre despontam em tempos de confusão de princípios e rumos e – o que se veio a revelar o mais perigoso – a imersão na CEE, mais tarde CE, agora UE, sem critério e salvaguarda dos mais elementares princípios de senso político e estratégico.

Finalmente, a invasão de tudo por organizações politico-financeiras sem rosto, nem pátria (mas identificadas), que estão a provocar a escravidão pela ditadura universal do “deus mamom”.

Constituirmo-nos devedores (quase) insolventes destas máfias ou quaisquer outras é, sem dúvida, um modo de suicídio diferente da bala, da forca ou do veneno, mas igualmente letal, embora mais doloroso, por ser uma morte demorada no tempo!

Para se chegar a este estádio, a maioria das forças políticas entretanto despontadas e os sucessivos “órgãos de soberania nacionais” enveredaram pela subversão completa da matriz nacional portuguesa, consolidada durante séculos, o que constitui a maior “traição” à Pátria que alguma vez foi feita.

Estão a abanar a cabeça?

Então aqui fica uma pequena amostra:

A Constituição Portuguesa fala uma única vez em “Pátria” (Art.º 276) e nunca refere o termo “Nação”; virou-se as costas ao Mar; subordinou-se as leis portuguesas a Bruxelas, através de uma alteração constitucional, que muito poucos discutiram; aprovou-se um acordo ortográfico lesivo da língua mãe; vende-se constantemente património da Nação a fim de resolver problemas de tesouraria; aliena-se sectores estratégicos para privados e outros que o são apenas na aparência, por estarem bem presentes interesses de outras potências; durante mais de duas décadas andou-se, alegremente, a destruir todo o sector primário, que representa a base de toda a economia e a sobrevivência da comunidade; tudo se tem feito para se destruir a memória e consciência histórica da Nação; ermou-se, na prática, cerca de dois terços do território continental, etc., etc.

O desastre é vasto e profundo.

Não sei se estas foram as mais perigosas tentativas de nos eliminarmos a nós próprios, mas estão longe de serem as únicas.

A sociedade portuguesa suicida-se ainda, pela emigração e imigração.

Os portugueses sempre emigraram mas, antigamente, não se tratava propriamente de emigração mas sim de livre circulação entre diferentes territórios nacionais (durante os 60 anos de dominação filipina, muitos portugueses saíram do país para não estarem sujeitos a um poder estranho, por exemplo pilotos e marinheiros altamente disputados por potências inimigas da Espanha).

Só a partir da independência do Brasil, os portugueses passaram a emigrar para lá, por causa dos desatinos de todo o século XIX e da I República; os Açorianos, para os EUA e os Madeirenses para a Venezuela e depois para a RAS.

O verdadeiro fenómeno da emigração sucedeu-se nos anos 60 e 70 do século XX, por causa “boom” económico europeu, sendo o maior número, camponeses e pessoas com profissões de baixo índice académico, a fim de melhorarem as condições de vida, não porque não tivessem emprego.

Hoje o paradigma mudou, pois são os portugueses com maiores aptidões académicas que saem da sua terra e por não terem em que se ocupar. E não creio que o país possa vir a contar com as suas economias…

Por outro lado a imigração aumentou, por três razões principais: os portugueses deixaram de querer exercer um conjunto de profissões e ofícios que consideravam socialmente “inferiores”; a ganância do lucro permitiu o desenvolvimento de redes ilegais de angariação de mão-de-obra barata e as convulsões internas de muitos países, fizeram desembocar em Portugal, milhares de oriundos das ex-províncias de África e de países de leste, bem como brasileiros em busca do “El Dourado” europeu.

O número ainda não é demasiado elevado (e está a diminuir, por via da crise), mas já é suficientemente preocupante pela dificuldade na “absorção” e elevada taxa de delinquência.

E só não é pior porque a emigração islâmica é, ainda, pequena e os portugueses são o único povo não racista da Europa (talvez do mundo) e trata os emigrantes, não bem, mas muito bem.

Estamos, por outro lado, a suicidar-nos por causa dos elevados índices de acidentes e pelo aumento da criminalidade e taxa de… suicídios.

O número de acidentes na estrada, nas praias, rios e lagos, no trabalho, é enorme causando uma taxa de atrição muito alta – nomeadamente na faixa etária dos mais activos – e um custo elevadíssimo de dor nas famílias e despesas de saúde e seguros.

Apenas as Forças Armadas (e muito poucas empresas) possuem planos de prevenção de acidentes dignos desse nome…

As forças do “politicamente correcto” e do relativismo moral desenvolvem em Portugal (e em todo o mundo ocidental) a chamada “cultura da morte” e a dissolução dos laços familiares tradicionais.

A facilitação do divórcio, a defesa do aborto, da eutanásia, dos casamentos homossexuais, do egoísmo e individualismo feroz, e outros ideários de semelhante jaez, têm levado a alterações negativas e profundas, na matriz sociológica e na redução drástica da natalidade.

É aqui que o suicídio dos portugueses tem maior acuidade e a sua expressão mais literal.

De facto Portugal é o segundo país no mundo com uma taxa de fecundidade mais baixa (último da EU), com 1,36 filhos por mulher, em idade fértil. Ora, esta taxa de nascidos, para além de não ser suficiente para compensar o número de pessoas que morrem anualmente, não chega para renovar as gerações (mínimo 2,1 filhos por mulher).[2]

Ou seja vamos ter cada vez mais um país envelhecido, pobre e inviável. As consequências são devastadoras.

As razões para isto são muitas e só por si davam vários livros.

Estas razões têm sido ignoradas, militantemente, por todas as forças políticas e sociais em Portugal, com excepção da Igreja (e mesmo essa, muito pouco afirmativamente), e algumas organizações cívicas a ela ligadas.[3]

Só este ano o Presidente da República se preocupou com o facto, promovendo um encontro qualquer, mas apenas fazendo alarde de uma única preocupação: a de que a baixa natalidade não irá permitir os descontos necessários para sustentar a Segurança Social…

Um argumento eminentemente tecnocrático, dimensão a que, lamentavelmente, está reduzido o “Supremo Magistrado da Nação”.

Que Deus nos ajude pois que, pelos vistos, nós não somos capazes.

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[1] Não estamos a pensar num cataclismo cósmico…

[2] E tendo em conta o notável decréscimo na mortalidade infantil – 3,5 óbitos por mil nados-vivos.
[3] Mais grave ainda, desenvolvem-se no mundo políticas de redução drástica da população, apoiadas por organizações de poder mundialista. Um progecto financiado pela UE, de seu nome “One Planet Economy Network”, veio defender, em 2011, que se deviam tomar “fortes medidas para travar o aumento da população, não só na Europa, mas no resto do mundo”; e acrescenta “em 2020 já só deverão ser apoiadas as famílias com um máximo de dois filhos”.  

sábado, 10 de novembro de 2012

ARISTIDES DE SOUSA MENDES: AS ORIGENS DO MITO - Parte I

Publiquei os dois artigos seguintes, em Fevereiro de 2007, na sequência do concurso televisivo, meio idiota, para apurar quem seria o melhor português de sempre.

Aristides Sousa Mendes ficou em terceiro lugar...
A propósito das recentes declarações do Embaixador de Israel e do filme sobre a figura do antigo cônsul português em Bordéus, estreado no passado dia 8/11/12, aqui se republicam sem alterações.
Reedição 10/11/12

Há muito tempo que pensava escrever sobre Aristides de Sousa Mendes (ASM). Ou melhor sobre o que alguns escribas da nossa praça têm escrito sobre ele e a propósito dele. A gota de água chegou agora com a inclusão do seu nome na lista dos 10 portugueses (nesse incrível concurso), de que sairá o mais “insigne” de todos nós (!) e da que, a propósito, escreveu o Dr. José Miguel Júdice (JMJ) (Público 19/1/07). Antes de entrar na matéria de facto convém colocar as seguintes questões: como é que alguém que até há meia dúzia de anos era desconhecido de 99,9% dos nacionais, aparece entre os supostamente 10 melhores portugueses de sempre? A quem é que isso, eventualmente, serve? É o que vamos tentar dilucidar.

ASM tem origem numa família portuguesa, cristã nova, do distrito de Viseu (Cabanas de Viriato), nobilitada no século XVIII.

A família de ASM estava perfeitamente inserida no regime do “Estado Novo”. ASM era casado e tinha numerosa prole (12 filhos). Dotado de alguma instabilidade de temperamento tinha dificuldade na gestão das suas finanças a que não seria alheia a sua tendência para o jogo. Daqui resultaram vários problemas e dificuldades.
ASM tinha um irmão gémeo, César de Sousa Mendes do Amaral e Abranches, que foi um embaixador respeitado, inclusive, por Salazar, de quem tinha sido companheiro no CADC [1], em Coimbra. Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), entre 5/7/32 e 11/4/33. Este irmão, que era embaixador em Varsóvia, quando a Segunda Guerra começou, e teve que se vir embora a muito custo era quem, normalmente valia a ASM nas suas aflições.
ASM, que também tinha seguido a carreira diplomática, era Cônsul de Portugal em Bordéus, em 1940, ano em que a França foi vencida militarmente pela Alemanha, em apenas 30 dias.
A perseguição que os regimes nacional - socialista, alemão e fascista, italiano (e seus satélites) passaram a fazer aos judeus (e não só a estes, convém lembrar) levou a que muitos refugiados fossem bater à porta dos países neutrais – que era o caso de Portugal - na esperança de obterem protecção e daí procurarem meios de atingir a Inglaterra e os EUA, países que a maioria pretendia alcançar.
O governo português anuiu tacitamente na concessão de vistos, por razões humanitárias, desde que os refugiados alegassem terem ascendência portuguesa (lembra-se que Salazar era MNE no período da II GM).
Ora esta condição afigura-se-me apenas como mera justificação formal, que prevenisse eventuais problemas internacionais, do que medida a ser levada à risca, já que nem parece que alguma vez fosse escrita. Isto porque a maioria dos eventuais descendentes de judeus portugueses seriam do ramo Sefardita o que não era o caso dos judeus do centro e norte da Europa, na maioria Askenazin.
Conhece-se o nome de vários diplomatas portugueses que passaram vistos: o Embaixador Sampaio Garrido (pai) ministro em Budapeste a partir de 27/7/39 e do Embaixador Teixeira Branquinho, que esteve à frente da mesma Legação, a partir de 25/4/44; o Cônsul em Berlim, de 17/9/41 a 13/4/45, Mário de Faria e Melo Duarte (tio do poeta/deputado Manuel Alegre – regista-se como curiosidade); o Ministro em Berna, de Jan/35 a 1945, Embaixador José Jorge Rodrigues dos Santos (genro de Carmona); e ao que parece, é muito possível que o nosso Ministro em Ancara, entre Fev. de 41 e 1944, Calheiros e Menezes, também o tivesse feito.
Não se sabe ao certo quantos vistos foram concedidos, mas calcula-se que, no cômputo geral, tenham atingido vários centenas de milhares.
Como se pode constatar não foi só ASM que passou vistos a refugiados judeus e outros, nem tal era proibido nem sequer contrariado pelo governo português de então.
O problema surgiu quando os governos de Berlim e Londres se aperceberam da enorme quantidade de refugiados que chegavam. Na sequência, o embaixador alemão em Lisboa, reportou preocupação pelos problemas que tal estaria a causar, com implícitas ameaças de retaliação. E o embaixador inglês alertou, também, para a questão (tinham inclusive receio de que entre os refugiados se infiltrassem agentes alemães).
Foi então que Salazar revê o assunto e mandou instruir todas as legações portuguesas aconselhando prudência e rigor na avaliação dos pedidos de vistos.
ASM não observou as instruções, foi chamado a Lisboa e alvo de um processo disciplinar, por desobediência.
Depois foi suspenso (mas nunca demitido), aguardando aposentação. ASM casou segunda vez mas nunca mais conseguiu refazer profissionalmente a sua vida, vivendo com dificuldades financeiras, até ao fim dos seus dias. O caso caiu, naturalmente, no esquecimento.
Até que durante o primeiro consulado do Dr. Jaime Gama como MNE, a jornalista Diana Andringa (e depois dela, outros), tentou consultar o processo de ASM. Como o processo era confidencial, a autorização foi negada. Envidaram-se então esforços para que o processo fosse desclassificado. Correram os trâmites e já no tempo de Durão Barroso como MNE, foi autorizada a desclassificação da documentação referente a ASM. A partir daqui não mais deixaram de aparecer artigos, documentários e parafernália vária, relativa à figura e acção de ASM.
Sempre se destacando a humanidade da sua acção em contraponto à violência do regime, o enaltecimento da sua desobediência versus a perfídia da postura do governo português da altura, a justiça das suas ideias e acção, em contraste com a dureza e violência do seu tratamento posterior.
Ou seja, está encontrado o primeiro objectivo do ressuscitamento de ASM: atacar e denegrir a figura e obra do Professor António de Oliveira Salazar.
E tudo isto tem sido feito com uma grande desonestidade intelectual, para ficarmos só por aqui.
Em primeiro lugar porque se manipulou dados, se recorre a inverdades e se torcem intenções.
Tenta-se julgar os personagens e os eventos, segundo os ditames morais e intelectuais de agora e não pelos da época; 
Tão pouco se tenta enquadrar a actuação dos intervenientes na conjuntura muito delicada e perigosa em que se encontrava Portugal e os portugueses.
Ora a nós parece-nos que a actuação do governo português de então foi corajosa, humana, ponderada e inteligente. E que a sanção que foi atribuída a ASM parece equilibrada e justa. E estamos em crer que, se hoje em dia, um diplomata fizesse o que ASM fez, o procedimento do Estado Português para com ele, seria idêntico.
No meio de tudo isto parece-nos que JMJ – para além da falta de informação que já começa a caracterizá-lo – é utilizado em toda esta trama como um ingénuo útil.
Em conclusão, podemos convir em que parece fora de dúvida que o enaltecimento de ASM, serve a causa de quem quer atacar Salazar. Em próximo escrito daremos pistas para outros interesses.

[1] Centro Académico da Democracia Cristã.

ARISTIDES DE SOUSA MENDES: AS ORIGENS DO MITO. PARTE II
A “ressurreição” da figura de Aristides de Sousa Mendes (ASM), do modo como tem sido feita parece indiciar servir os propósitos dos interesses judaicos no mundo, quiçá, também dos ideais sionistas. Convém alertar os leitores para isto pois uns e outros não são a mesma coisa.
Seria interessante conhecer melhor, eventuais ligações destes interesses com quem tem escrito sobre este assunto.

A elevação da acção de ASM, permite contribuir para a imagem do povo judaico no mundo – vitimizando - o - garantindo em simultâneo uma condenação de quem os perseguiu ao longo dos tempos. ASM encaixa bem nisto: tem origem numa zona do país com elevada percentagem de sangue judaico, quando a Inquisição espanhola a mando dos Reis Católicos expulsou os Judeus, cerca de 50.000 fixaram-se na faixa de cerca de 80 Km do território português entre Bragança e Castelo de Vide (tendo sido bem recebidos por D. João II); ASM tinha ascendência judaica e apesar de ser católico e conservador tal não apagava os seus ascendentes “Cristãos Novos”.

Mais, a sua protecção aos refugiados judeus, provava até que estas reminiscências estavam bem vivas; a quadratura do círculo fechava-se, então, no auxílio que a comunidade israelita em Portugal prestou a ASM, nas vicissitudes por que passou desde que deixou a diplomacia; a sua acção, por ser à revelia do Estado Português, era a cereja em cima do bolo, já que este mesmo Estado foi sagrado inimigo da “nação” judaica desde o século XVI, por via da expulsão decretada por D. Manuel I a quem não se quisesse converter e subsequente perseguição pelo Tribunal do Santo Ofício, instaurado por D. João III.
Finalmente, ASM pode ser elevado a “wallenstein” [1] português, contribuindo para alimentar a “indústria do Holocausto” que tem o seu expoente maior nas bandas de Hollywood.
A criação de uma eventual cabala contra Portugal (como se tentou a propósito do ouro nazi) devia ser objecto de preocupação dos serviços de informação, sempre pressurosos, aliás, na vigilância de patriotas e nacionalistas…
Os descendentes familiares de ASM têm mantido uma postura prudente sobre tudo o que tem sido agitado a propósito do seu antepassado. Existem apenas eventuais interesses em restaurar o antigo palácio/residência familiar de antanho (há quem queira lá fazer um museu) e apenas existe conhecimento de deslocações de um dos filhos a Israel, o que à partida nada de conclusivo significa.

Sabe-se que muitos vistos para judeus foram obtidos em vários países, a troco de valores. Nenhuma suspeita de caso semelhante existe sobre a figura de ASM. Por isso, se ele passou vistos por dever de consciência, assumindo as consequências do acto, merece o nosso respeito, devendo-lhe ser reconhecido esse mérito. Mas tal não deve implicar nenhum ónus para as autoridades de então que se limitaram ao exercício das competências consignadas na lei, a fim de garantir o normal funcionamento dos serviços.

Promover ASM a um dos 10 melhores portugueses da nossa História é que me parece, digamos, curto e insensato.

Com pessoas destas eu vivo “com gosto num Portugal independente”, como aduz JMJ [2]. Já não vivo tão bem é com figuras que se aproveitam de casos destes para torcerem o fio da História e servirem interesses ínvios.
 E se considera tanto o valor humanitário de passar vistos a refugiados lembra-se que na altura (1940-41), raras eram as pessoas no mundo que tinham conhecimento dos campos de extermínio nazis (e já há muito que havia os “goulags” na URSS!),é surpreendente que se tenha endeusado ASM e ignorado os restantes colegas diplomatas que também passaram vistos!
Percebe-se que Álvaro Cunhal – que sempre se comportou como um agente de uma potência estrangeira - apareça entre os 10 portugueses mais votados: é, porventura, a máquina do PC a funcionar – o que, a ser assim, não abona muito à isenção intelectual e moral dos militantes.
Agora, como ASM consegue um número de votos que o põem a par de Afonso Henriques, Vasco da Gama e Camões é que permanece área de investigação para sociólogos e politólogos...
O objectivo está no entanto alcançado. E o Dr. JMJ, dado ultimamente a originalidades frustes, nem se terá apercebido de nada.


[1] Diplomata sueco que salvou milhares de judeus durante a II GM e que acabou desaparecido em mãos soviéticas.
[2] José Miguel Júdice, artigo “o voto num justo”, Público de 19/1/07.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A “NÓDOA” DO EMBAIXADOR DE ISRAEL


O Embaixador de Israel em Lisboa foi à Fundação Gulbenkian ofender Portugal e os portugueses, gratuitamente.

Estamos seguros que a generalidade da comunidade judaica não se revê nas suas declarações.

Tal aconteceu, no passado dia 30 de Outubro, no âmbito da Conferência “Portugal e o Holocausto, aprender com o passado, ensinar para o futuro”, patrocinada pela embaixada dos EUA e pelas Fundação Luso-Americana e Gulbenkian.

Que disse então, S. Exª, que noutras épocas o teria colocado a uma ténue distância de ser considerada “persona non grata”?

Pois que:
Portugal foi o único país que colocou a bandeira a meia haste durante três dias, quando soube da morte de Adolf Hitler”, coisa que o Sr. Ehud Gol considera uma “nódoa”; criticou o facto da casa de Aristides Sousa Mendes – que considera um “justo” – em Cabanas de Viriato, não estar recuperada, dizendo para o portugueses não irem pedir “aos EUA ou a Israel para tratarem da casa”, “façam vocês algo para promoverem a imagem dos vossos justos” (e tece mais considerações sobre o antigo cônsul português em Bordéus; não entende o facto de Portugal ter apenas um observador na “Task Force internacional para a Educação, Memória e Investigação do Holocausto”,[1] afirmando que já deveríamos ser membro de parte inteira; quer que professores portugueses aprendam a ensinar o Holocausto, dando conta que pressionou o Ministro da Educação nesse sentido.

E confessou, no fim, que o culto da memória do Holocausto começou em Israel, porque os sobreviventes do mesmo, vestiam sempre de mangas compridas por “terem vergonha do número inscrito na pele”, e que eles – judeus da altura – “não tinham lutado o suficiente.[2]

Afirmo não ter em mim qualquer réstia de “anti-semitismo”, mas em atenção à verdade e tendo em mente a dignidade do Estado Português – que espero venha a ter uma reacção adequada – e dos portugueses, não posso deixar de dizer o que abaixo se transcreve.

Comecemos pelo fim das palavras do embaixador: pois lamento que tal se tenha passado da maneira que descreve mas, nós portugueses, não temos responsabilidade alguma em nada do que o senhor aponta.

E gostava de lembrar ao Sr. Embaixador que os judeus não foram os únicos povos perseguidos, ou maltratados no mundo. Creio, até, que não haja algum, que não tenha uma razão de queixa qualquer.

Já reparou, e por ex., nas vítimas de Tamerlão? Lembra-se das centenas de milhões de trucidados pelo comunismo? E quem defende os “Peles-Vermelhas”, praticamente extintos no século XIX, sendo os sobreviventes colocados em reservas?

Que dizer, enfim, das perseguições feitas no Império Romano aos cristãos, durante os primeiros três séculos do Cristianismo; será que devemos exigir aos actuais inquilinos do Quirinal, que peçam desculpa por isso?

Como vê pode considerar-se privilegiado por haver uma “organização intergovernamental” que trata do Holocausto!

Eu se estivesse no papel do Sr. Embaixador, estaria mais preocupado em perceber porque é que, dos 200 países existentes no mundo, só 31 façam parte de tão filantrópica organização, em vez de tentar morder a mão a quem, pela sua presença, dá lustre à iniciativa.

A arrogância com que se exprime assemelha-se a uma tentativa de apanhar moscas com… vinagre. Muito pouco diplomático, nada profissional.

Não consta, por outro lado, que tenham sido os alemães, os únicos a perseguirem os judeus (ou Sionistas?), ao longo da História. E resta ainda perceber porque tal aconteceu num país de gente evoluída, Pátria da Reforma e de grandes Filósofos e impulsionadora do racionalismo e da ciência.

Nada justifica a matança indiscriminada de pessoas, sejam eles quem forem, e seja por que for, mas convém ter uma visão global das coisas para se ajuizar os eventos na sua plenitude.

Lamentavelmente, os judeus foram perseguidos e expulsos de quase todos os lugares da Europa, alguma vez, nos últimos 1000 anos, E tal está longe de ter sido apenas por acção da Inquisição. Seguramente que houve muitas injustiças, mas estará o povo judaico isento de culpas?

Durante séculos houve o primado da questão religiosa, hoje confinada à teologia entre os cristãos – mas não entre os muçulmanos – mas tal tem que ser visto (como tudo o resto) à luz dos conceitos das diferentes épocas.

Também podemos concordar que os principais problemas dos Judeus derivam do facto da sua terra original ter começado a ser ocupada há 2500 anos, obrigando à sua diáspora. Mas nisso, também concordará, que ninguém hoje no mundo tem qualquer responsabilidade.

Os sucessivos ocupantes da “Terra Santa”, outrossim, passaram a ter direitos na sua ocupação, sem embargo de todos devermos reconhecer ao “Povo do Livro” serem o caso único na Humanidade, de se ter conseguido manter como Nação, durante dois milénios, sem governo nem território.

E deles temos a admirar a sua inteligência e empreendedorismo – não é por acaso que são judeus a maioria dos detentores do Prémio Nobel.

Todavia, meta a mão na consciência: não se isolaram? Não especularam? Não açambarcaram? Não se tornaram mestres na “arte” da usura?

Já reparou, o Sr. Gol, agora que vive em Lisboa que, na linguagem popular portuguesa, quando quer designar algo de mal se usa, por vezes, o termo “judiarias”? E que dizer do uso, por vezes racista, que representa o tratamento de “Goyim” para todos os que não pertencem à “tribo”? (Convém lembrar que só o filho de uma judia, independentemente do pai, é considerado judeu).

Será que é por se considerarem o “povo eleito” apesar de Javé os ter, aparentemente, condenado às mais duras penas – observe-se o termo “judeu-errante”, também da linguagem popular? Possuem ou perseguem algum desígnio de vingança permanente? Terá isso a ver com um hipotético domínio do mundo pela via financeira?

Insiste o Sr. Embaixador em que os professores portugueses ensinem o que foi o Holocausto – presume-se que por uma formula pré-estabelecida. Mas que despautério vem a ser este?

Será que teve, ao menos, a amabilidade de oferecer alguma contrapartida? Entenderá que o MNE inaugure um “guichet” onde os embaixadores, por cá acreditados, possam ir fazer as sugestões (ou será imposições?) que entendam que a escola lusa passe a ensinar sobre os respectivos países?

Será que o embaixador português em Jerusalém pode ir ao “Knesset” propôr que faça parte dos compêndios escolares, como o rei D. João II aceitou receber os Judeus expulsos de Espanha, em 1492?

Podemos exigir uma quota de exportação para alheiras, a fim de exemplificar como os seus hipotéticos antepassados que aqui viveram, tentavam passar por cristãos?

E que tal umas lições de História sobre o ramo Sefardita de modo a que os Ashkenazy se pudessem dar melhor com eles?

Ora, por favor!...

Cita o Sousa Mendes que a propaganda de alguns dos seus, de mãos dadas com os inimigos políticos do Professor Salazar, tentaram transformar num mito, que não tem nada a ver com a realidade. E chama-lhe “justo”, quando “justíssimo” foi o processo disciplinar que lhe foi instaurado (fora aqueles que já acumulara desde 1917) e, para a gravidade dos quesitos a que respondeu resultou, até, bastante benévolo!

Informe-se da verdadeira história e de tudo o que lhe está associado e depois falamos.

E, que se saiba, ninguém em Portugal, lhe pediu ajuda para reparar a casa do antigo cônsul que, se morreu na miséria, foi porque nunca soube administrar os seus bens, face à vida que levava.

Diz que em Israel só existem dois portugueses como “justos” entre os 25.000 nomes que lá figuram. Pois talvez devessem ponderar colocarem mais uns quantos, já que durante a II Guerra Mundial passaram por Portugal cerca de 70.000 refugiados judeus, que foram bem tratados e hospedados, facilitando-se o trânsito para os destinos que entendessem, ou a ficarem por cá, como muitos fizeram.

Resta a questão da bandeira a meia haste, aquando da morte de Hitler – a que um professor presente na sala lhe respondeu de forma infeliz, alegando viver-se, na altura, em ditadura, o que é irrelevante para o caso.

O que não é irrelevante é o facto do governo português – que era neutro, apesar da tardia “neutralidade colaborante”, com ingleses e americanos – ter cumprido, apenas, as normas protocolares em vigor quando morria um chefe de estado. Do mesmo modo que outros países neutrais também o fizeram, ao contrário do que afirmou. E nunca se apresentaram condolências.

Condolências que foram apresentadas, pessoalmente, pelo Presidente do Conselho à frente de todo o governo, na embaixada dos EUA, duas semanas antes, aquando do falecimento do Presidente Roosevelt.

Já agora recorda-se, não ter sido apenas Hitler a perseguir os judeus, mas todos os países ocupados ou aliados da Alemanha, em maior ou menor grau. Como, por ex., a França de Vichy.

Por tudo isto a “nódoa” de que nos acusa só existe na sua mente.

Se precisar de benzina, também se arranja.

Shalom.

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[1] Organização Internacional, criada em 1998 e de que são membros 31 países.
[2] Retirado de Artigo publicado no “Público Digital”, de 31/10/12, da autoria de Clara Viana.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

UM GOVERNO EM “OUTSOURCING”…

“Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar”
Caius Júlio César (100-44 AC), referindo-se aos Lusitanos

Esta frase tem sido mote para que o comum dos burgueses e outros arrastados por eles, descambem em exercícios de puro masoquismo, “arte” em que os habitantes deste cantinho europeu são, provavelmente, imbatíveis.

Usar a frase (esquecendo, convenientemente, a segunda parte), tem sido desculpa para que se afirme a esmo, em tertúlias e conversas de corredor, algo como “seria bom que viesse alguém de fora para pôr ordem no burgo”, olvidando que “ordem” é, justamente, aquilo que muitos não querem!

Tal representa – basta dois minutos de reflexão – uma falácia, já que os estrangeiros estão longe de nos conhecerem e jamais irão defender os nossos interesses. As excepções, como Schomberg e Lippe – e estes eram militares, não políticos, muito menos financeiros – só confirmam a regra.

Só a falta de autoridade, competência e noção da dignidade do Estado que, infelizmente tem abundado, pode explicar a baixeza de se ter “convidado” – se foi imposto ainda é pior – “técnicos” do FMI e do Banco Mundial para (ao que consta) “ajudar” na reforma do Estado e a cortar 4000 milhões de euros.

Tirando as fortalezas que se rendem sem disparar um tiro, poucas coisas existem que possam ser consideradas mais infamantes. Acresce o facto de serem os governantes que é suposto darem as ordens aos que guarnecem as ditas fortalezas, que actuam desta maneira…

Será que quando não conseguirem manter a ordem nas ruas vão chamar os “os Marines” ou, quem sabe, a Eurogendfor?[1]

Os tempos estão, de facto, mudados…

Vejamos, os governantes portugueses depois de terem endividado o País por gerações, não conseguem, agora, cortar na despesa nem organizar-se para o que é necessário fazer e resolvem introduzir pelas fronteiras – que há demasiado tempo deixámos de controlar – uns quantos tecnocratas que tratam os povos como gado para, ao abrigo dos seus “pareceres”, anunciarem umas quantas medidas como sendo inevitáveis. Será assim?

E sabe-se de tudo isto através de um ex-governante, agora comentador político e, também, Conselheiro de Estado (e vão dois) - actividades que devem ser tornadas incompatíveis – que o afirma explicitamente na televisão (já eles por aí andavam), não deixando de acrescentar ser “uma boa ideia”.

Boa ideia, meter cá dentro uns “gatos - pingados”, passando-se a si próprios (um órgão de soberania – ou já não se chama assim?), um atestado de incompetência?

Boa ideia, introduzir no centro do suposto poder, do nosso desgraçado país, antenas de organizações sem rosto, que pretendem, ao que tudo aponta, governar o mundo pela via financeira, e sem nunca o assumirem?

Para que votamos em partidos e personalidades se depois eles se “vendem” a poderes estranhos à nacionalidade?

Já não bastou a experiência dos iberistas, face à Espanha; dos comunistas face à URSS; dos maoístas face à China; e de todos os “partidos” “franceses”, “ingleses”, “alemães”, etc., que pulularam ao longo da História, em vez de nos unirmos à volta do partido português, que é o único que interessa?

Que gente é esta, meu Deus?!

E o FMI vem, candidamente, dizer que já disponibilizou esta “ajuda” de forma rotineira a todos os países membros; reformar a organização ou as funções do Estado é uma ajuda rotineira? E será que o fazem por filantropia, ou também cobram? Podemos ver as tabelas de preços?

Pelos vistos a “democracia” portuguesa (ou à portuguesa), está reduzida a elegermos não quem nos governe, mas sim para que contrate os melhores tipos, no mercado, para governarem por eles…

Convenhamos que descemos abaixo do nível de uma ópera bufa.

Está na altura da população acordar. Mas, não estando minimamente organizada (a não ser algumas “organizações” que, por razões óbvias, ninguém refere), quando acordar vai sair asneira e sujeitamo-nos ao caos.

Para evitar que tal aconteça, só nos restam as instituições que tem especiais responsabilidades constitucionais, na defesa da individualidade e identidade nacionais, e na salvaguarda da unidade do Estado, tendo - se em conta, que numa delas, é cabeça uma personalidade mais próxima do Senhor D. João VI, do que do Senhor D. João II, sem sequer lhe advir a autoridade decorrente da instituição real…

E é preferível, por razões que me dispenso de explicitar, que tal seja preparado a nível de topo do que em níveis inferiores da hierarquia.

Só se deve ir para soluções de emergência em última instância, mas não demasiado tarde.

O país está já em situação de emergência e o actual sistema político e a generalidade dos políticos que o preenchem – não confundir com “servem” – chegou a um beco sem saída e não são parte da solução.

Antes pelo contrário “eles” foram e são, o problema.

A liberdade de Portugal e dos portugueses está em perigo. E a liberdade destes não se mantém sem a liberdade daquele, que foi um erro em que muitos caíram e a outros aproveitou.

Talvez fosse conveniente ponderar nisto antes de passarmos para a segunda parte da citação: “e não se deixam governar”.




[1] Força de Gendarmeria Europeia