terça-feira, 12 de abril de 2016

A DEMISSÃO DO GENERAL COMANDANTE DO EXÉRCITO PORTUGUÊS

Ex-CEME, General Carlos António Jerónimo

A coisa conta-se em poucas palavras:

O Subdirector do Colégio Militar (CM) - Instituição das mais antigas e prestigiadas do país, com provas dadas e obra feita - deu uma entrevista a um órgão de comunicação social, na passada semana.

Nessa entrevista teceu considerações sobre como os casos de homossexualidade detectados no colégio - cujo corpo de alunos é formado, lembra-se, por menores e onde existe internato – são tratados, diria, que desde sempre.

O Tenente-Coronel - ele próprio, um ex-aluno - nada de grave exprimiu que pudesse pôr em causa a lei ou a moral pública; não faltou à verdade, nem revelou falta de senso ou defendeu qualquer ideia que possa ser interpretada como discriminatória. Tão pouco, ao que se sabe, incorreu em qualquer falta disciplinar.

Porém, logo que a entrevista viu a luz do dia, os tiranetes de serviço de uma área do politicamente correcto, mais as diferentes “antenas” dos abichanados do “lobby gay” (na versão “internacionalista soft”, mas com tradução apropriada em vernáculo lusitano), logo gritaram em suas “cloacas máximas”, aqui d’el-rei, que há discriminação de género no Colégio Militar. [1]
 

O Senhor Ministro da Defesa do alto da sua guarita, sita no Restelo onde, sempre vigilante, é suposto defender a Pátria, dando conta do alarido (que parte da comunicação social ampliou injustificadamente), mandou recado para o General Chefe do Estado Maior do Exército (CEME) para que o Tenente-Coronel, no dia “x” à hora “y”, já estar removido da sua função (parece que, por enquanto, ainda não o condenou às galés…).

E é esta a razão que, aparentemente, leva o General Jerónimo - que sempre foi um bom militar e sobre quem não impende qualquer mácula – a apresentar a sua demissão. Demissão que também é fruto, seguramente, de um acumular de situações muito pouco apropriadas, de como os sucessivos governos e não só, têm tratado a Instituição Militar e os militares.

Foi uma espécie de “basta”!

Mas uma demissão destas carece de alguma explicação pública. Não só porque políticos que se comportam desta maneira não merecem qualquer respeito e não se devem poder ficar a rir, e porque as Forças Armadas necessitam ser desagravadas e a opinião pública deve saber, por quem de direito, o que na realidade se passou.

E ir ao Parlamento pode ser uma boa oportunidade para lhes esfregar com umas quantas verdades na cara!

Tudo o que se tem passado revela o nulo cuidado com que os sucessivos Primeiros - Ministros e PR, têm colocado na nomeação dos personagens que vão tutelar a pasta da Defesa (que na realidade nunca existiu, mas sim e apenas a função de ministro para as Forças Armadas…), pois é inadmissível, que tendo o ministro despacho directo com os Chefes dos Ramos, não fale pessoalmente com o CEME (ou lhe telefone) e lhe envie recados, dando ordens que não estão na sua competência dar, e desrespeitando os regulamentos e a Deontologia Militar.

Por isso quem devia ser demitido era o Ministro - que não sabe o que anda a fazer - e não ter sido aceite a demissão do Comandante do Exército. Aqui o Presidente da República tergiversou.

Convém ainda colocar os pontos nalguns “is”: em primeiro lugar o senhor, por enquanto ministro, tem que perceber que o Exército não funciona propriamente como um Partido Político; e, depois, deve meter na sua cabecinha que as Forças Armadas não têm rigorosamente nada a ver com os equilíbrios políticos, que o seu Partido tem que fazer para se manter à tona de água (isto é, no Poder). E se andam acossados pelo Bloco Canhoto aturem-nos como quiserem, mas não tentem interferir e macular as instituições que são o esteio do País e os seus servidores.[2]

Se o Conselho Superior do Exército se tivesse demitido em bloco e os Chefes dos outros Ramos tivessem mostrado solidariedade, talvez outro galo cantasse.

Mas pelos vistos o que está a dar são as marchas de orgulho “gay”. Ainda tenho esperança de lá vir a ver um general, fardado e tudo!

Uma outra razão que, estamos em crer, levou a esta decisão por parte do CEME foi a falta de actuação do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, General Pina Monteiro, que terá condescendido com a aberração ministerial, deixando cair o seu subordinado e não se opondo à imolação do subdirector do CM.

Sem embargo não nos devemos admirar: com o anterior MDN, um tal Dr. Aguiar traço Branco, já tinha, enquanto CEME, exonerado o então Director do Instituto de Odivelas, por este não estar a ser um zeloso cumpridor da, para sempre maldita, decisão de fechar tão vetusta instituição - que é a raiz recente deste esparvoado caso (a mais antiga é o texto do Programa do PS após a sua fundação, em 1973, que defendia a extinção dos colégios militares!) - tendo aquele ministro vetado, mais tarde, a nomeação daquele oficial, que nada cometeu de errado, para um cargo de adido militar, em Madrid (para onde acabou por ir mais tarde).

É por estas e por outras atitudes que roçam o “são as horas que V.Exª quiser que sejam”, que os políticos, de um modo geral, perderam o respeito pelas Forças Armadas e pelos militares, e tenham levado, com a complacência e a ignorância de parte da opinião pública e publicada, ao estado de miserabilismo em que se encontram.

E onde tudo está preso por fios.


[1] Embora eu só conheça dois: o masculino e o feminino!
[2] Há poucas semanas o Dr. Azeredo Lopes bolsou um disparate revelador da sua ignorância e intenção: “O IASFA (Instituto de Assistência Social das FAs), não é uma coutada dos militares”…

sábado, 2 de abril de 2016

JÁ ASSISTIU AO SEU REBENTAMENTO DE HOJE?



JÁ ASSISTIU AO SEU REBENTAMENTO DE HOJE?

“Na morte o homem acaba e a alma começa”.
Victor Hugo

            Pum! Pum! Lá rebentaram mais umas bombas.
            Agora na Bélgica (noutros países é quase todos os dias…).
            Segue-se o costume:
·         Condenação geral – ou seja o que aparece nos “media” (a questão é: quem está disposto a fazer algo?);
·         Acusações cruzadas (ou seja, confusão e cortinas de fumo);
·         Reuniões de emergência de órgãos do Estado, vários;
·         Erupção, um pouco por todo o lado, de deposição de flores; minutos de silêncio; declarações piedosas; “cartoons” alusivos e concertos de solidariedade; lágrimas sejam elas sentidas ou de crocodilo (razoável para amenizar a coisa, prestar “tributo” e fingir que se lava a alma; no mais, perfeitamente ineficaz);
·         Ressurgimento da célebre frase de Kennedy, aquando do cerco de Berlim pelos soviéticos, em 1961, “I am a berliner” – agora junta-se “Eu sou (na língua dos indígenas), seguido do local onde se deu o atentado – isto, claro, se ocorrer no mundo dito “Ocidental”.
            Etc., o que inclui agora a moda de iluminar edifícios públicos com as cores da bandeira do país atingido e até cantar a Marselhesa - coisa que não aconteceu com o hino belga que ninguém conhece, supondo-se apenas que existe.
            No entretanto, governantes, políticos, jornalistas e comentadores, numa percentagem que roça os 95% - no mundo ocidental, insiste-se – ficam-se pelas “generalidades e culatras” e pelo politicamente correcto, mas batem com inusitada insistência, na necessidade de melhorar a cooperação internacional a nível das polícias e dos serviços de “inteligência”, pois já chegaram ao ponto de recear falar em Serviços de Informação! Ou seja haver uma melhor coordenação na partilha da informação.
            Esta gente não sabe do que fala ou finge que não sabe do que atira para o ar!
            A partilha da informação não existe ou existe apenas pontualmente, quando há interesses comuns, o que é volúvel, e um mínimo de confiança o que é raro.
            Mesmo na organização de defesa e segurança mais avançada que se criou até hoje no mundo inteiro, a OTAN, isto está longe de se passar na sua plenitude, quanto mais numa organização intitulada União Europeia, que ninguém sabe o que é nem para onde caminha.
            A razão é simples: informação é Poder e ninguém a passa a poderes concorrentes, adversários e muito menos inimigos. E para que tal suceda é necessário reciprocidade.
            A actuação das polícias e sobretudo dos serviços de informação, representa uma realidade que tem um grau de confidencialidade que varia entre o “grande e o extremo”, além de serem actividades - juntamente com as operações militares, a diplomacia, a circulação fiduciária, a investigação científica de ponta e o exercício da Justiça - que representam o “core business” da soberania de cada país e o fulcro onde se concentra o segredo dos povos e dos Estados.
            Por isso ninguém vai partilhar nada a não ser que tenha interesse nisso e exista uma base de confiança para o fazer.
            O que, manifestamente, não existe na desunião europeia.
            Para além disso, que países na Europa é que dispõem de Serviços de Informação, dignos desse nome, com capacidade para actuar fora do seu território? Presumo que apenas a Inglaterra e a França (esta já muito depauperada). A Espanha e a Itália, terão alguma coisinha mas muito limitada e voltados para os seus interesses mais próximos.
            O resto é a quase pobreza franciscana, retendo a maioria dos estados apenas uma capacidade de actuação interna que funciona melhor ou pior, segundo a tradição própria e os (poucos) meios disponíveis.
            Vejamos o caso de Portugal, que deve ser de todos o exemplo mais caricato. Desde o 25 de Abril de Abril de 1974 que não temos qualquer serviço de informações. Ponto.
            Ficaram com o “síndroma” da PIDE/DGS, confundindo pessoas e regimes, com funções necessárias a qualquer Estado e arrastando-nos numa agonia dramática.
            O resultado é o país como tal, estar indefeso, coisa que não importa a nenhum Partido, entretidos numa luta demagógica pelo poder – leia-se arranjar lugares no Parlamento Europeu, nas Câmaras, AR, Governo e outras entidades, e cujo horizonte não ultrapassa os negócios e “lobbies” de influência, a que só os ciclos eleitorais causam algum frenesim.
            E que confiança pode algum país ter em nós, para nos passar informação quando a lista dos agentes do SIEDM foi entregue ao Parlamento e caiu nos jornais, ao tempo do Professor Veiga Simão como Ministro da Defesa? Ou quando, como agora, chegou a vir às escâncaras, referido no Jornal “Expresso”, que as diferentes facções da Maçonaria se esgatanham entre si para colocarem um “irmão” (agora também há “irmãs”) seu, à frente do SIS, do SIEDM e do SEF, como já acontece há muitos anos, só para citar estes casos?
            Pois é, quem semeia ventos, não pode colher calmarias…
            A outra frase mais ouvida no éter é a de que é necessário preservar “os valores em que todos (?) acreditamos”, tais como a Democracia e a Liberdade”.
            Confesso que não vislumbro o que é que a Democracia tem a ver com toda esta malfadada situação.
            A Democracia é apenas um sistema político – aliás com muitas “nuances” – que se destina a tentar atingir as aspirações “utópicas” de Segurança, Justiça e Bem-Estar (por esta ordem) – queremos (os que querem) é lá chegar por via de métodos tidos como democráticos.
            Ora neste momento estamos em face de um problema grave de Segurança, que não só põe em causa o sistema democrático, como tudo o resto…
            O mesmo se passa com a Liberdade, que é sempre relativa à situação que temos. Ora sem segurança que liberdade é que há?
            Parece que querem inverter o sentido às coisas…
            O problema não está na Liberdade e na Democracia (e mais uns apêndices tolos que por aí propagam) mas, na Moral e no Moral.
            Ou seja, porfiarmos no sentido do Bem e no ânimo que temos em fazê-lo.
            Ora neste âmbito a chamada Europa assemelha-se ao fim do Império Romano no Ocidente e no do Oriente!
            E quase só se emitem sinais errados.
                                                               *****
            O que há então a fazer para parar esta vaga de terrorismo – esta não é a primeira, já houve várias - que é apenas um dos muitos problemas que afectam esta putativa União Europeia (e já é tarde)?
            * Em primeiro lugar suspender o acordo de Schengen e controlar efectivamente as fronteiras;
            * Pôr ordem na emigração e reprimir sem contemplações todos os negócios ilegais a ela associados;
            * Mudar drasticamente a lei da nacionalidade tornando-a muito mais apertada (obrigando por exemplo a dois anos de Serviço Militar Obrigatório, que é a melhor forma de integração) e favorecendo o “Jus Sanguini”;
            * Expulsar os ilegais;
            * Acolher os refugiados de guerra e tratá-los em zonas controladas, para o efeito criadas e repatriá-los logo que a situação o permita ou deixá-los seguir caminho para um outro qualquer destino possível, ao abrigo de um estatuto legal;
            * Desmantelar os “bairros problemáticos” (que nunca deviam ter sido permitidos, em 1º lugar) – fala-se que só em França existam cerca de 300, onde a polícia só entra com medidas de segurança extrema;
            * Obrigar os emigrantes a integrarem-se e a cumprirem as leis do país que os alberga e a respeitarem os costumes e tradições locais;
            * Actuar criminalmente contra quem professe publicamente a violência ou instigue ao ódio e fechar e demolir todos os locais onde tal seja efectuado;
            * Colocar os presos a trabalhar no duro e com condições espartanas de vida (não em hotéis de 3 estrelas!);
            * Exigir respeito e reciprocidade entre Estados/organizações: não faz sentido nenhum, por exemplo, que a Arábia Saudita financie a construção de mesquitas por todo o lado e nem uma Igreja exista no seu território! (ser “democrata” não pode ser sinónimo de ser estúpido…);
            * Investir nos Serviços de Informação, na Polícia e nas Forças Militares e na tecnologia, mas nunca descurando a Hierarquia, a Disciplina, a Organização e a Ética, sem o que nada funciona, e acabando com a “paisanice”, as associações sindicais (neste âmbito), o excremento ideológico e as infiltrações subversivas, que tudo têm minado;
            * Mudar as normas do Código Penal e do Código do Processo Penal, que dificultam a investigação e favorecem o prevaricador em vez de quem se porta bem -numa palavra, restaurar a autoridade;
            * Finalmente, para grandes males, grandes remédios – avisar seriamente a rapaziada do “Estado Islâmico” (ou outros), que se continuarem a fazer execuções públicas e a cortar cabeças, que lhes vai acontecer o mesmo; parece que é a única linguagem que entendem…
            O que me leva à reflexão final que é esta:
            A questão maior do terrorismo é a de que, quem o pratica não se importa de morrer em nome da defesa de uma ideia ou “causa” em que acredita.
            Quantos de nós serão capazes de fazer o mesmo?
            É esta a grande diferença.
            É este o maior perigo.



                                                                                    João José Brandão Ferreira
                                                                                       Oficial Piloto Aviador