segunda-feira, 17 de novembro de 2014

CURTAS E GROSSAS

“A razão principal pela qual os políticos mentem, é simples: as pessoas gostam que se lhes minta.”
Do abaixo-assinado

Ninguém assume que Portugal não está em condições de pagar a dívida, muito menos os juros da mesma.
Depois de a “Troika” ter fingido que se foi embora, a dívida do nosso País, aumentou.

Como, aliás, era expectável pois apenas se empurrou com a barriga para a frente. Por outro lado, nunca deixámos de pedir dinheiro emprestado.
É certo que a juros mais baixos, mas isso não evita o aumento da dívida, apenas a torna menos elevada.

Ninguém sabe exactamente os números e também ninguém sabe em quem acreditar.
A confiança esvaiu-se…
É uma tristeza, mas é uma realidade.
Como não se consegue encontrar um político que fale verdade ou seja coerente hoje, com o que diz amanhã; nem tão pouco há autoridade para impor uma estratégia – que teria que ser sempre muito dura e isenta – não iremos sair da situação em que estamos, antes iremos apodrecer com ela.

Com o problema da tesouraria sempre premente os sucessivos governos, fracos e pusilânimes, vão vendendo o país a patacos, até ficarmos sem nada e passarmos à condição de escravos ou mendigos permanentes, de uma qualquer “entidade”.
O que alguns espertinhos optam por apelidar de “cidadãos do mundo”…

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O atrás apontado nota-se em tudo e no desnorte de tudo.

Ao cruzar parte do Algarve, recentemente, em época baixa para o turismo, pude verificar como a região está a ser submersa por emigrantes residentes. Não estou sequer a referir-me aos emigrantes que vêm para cá trabalhar e, mais tarde, optam por ficar ou por regressar ao país de origem; estou-me a referir a uma soma alargadíssima de pessoas, normalmente oriundas do centro e norte da Europa, que se fixaram em permanência na parte mais ocidental do antigo “Al Andaluz”.
Toda a região está a ficar descaracterizada e, a pouco e pouco, os portugueses vão ficar em minoria e estranhos na sua própria terra. Tal já se nota, sobretudo nas terras pequenas!

Um dia destes nem um metro quadrado de terra estará em mãos nacionais…
Nada do que digo tem a ver com racismo, xenofobia ou qualquer sentimento menos cristão. Trata-se, tão - somente, de aquilatar se alguém já pensou nas consequências futuras desta “anarquia sociológica” e se é esta a realidade que queremos para o que nos resta de Nação.

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A passada questão leva-nos a uma outra que é a da destruição da família tradicional e da quebra da demografia, sobretudo nos países ditos ocidentais. Uma coisa está, aliás, ligada à outra.

A destruição da família começou a ser desenhada a seguir à Revolução Francesa. Está inscrita na “guerra” para a aniquilação da religião cristã, nomeadamente a católica; entroncou depois no “Positivismo”; mais tarde no ataque às Nações (uma nação não deixa de ser um conjunto alargado de famílias), teve um momento alto nos disparates do Maio de 68, em França e seus derivados e tem o seu clímax no individualismo e relativismo moral mais exacerbado.
Para atacar a família usaram-se todos os meios: a interferência estatal; a destruição da autoridade parental; o negócio das drogas; a legalização e, ou tolerância, de todas as taras; a defesa da homossexualidade (e o que mais adiante se verá); a desresponsabilização militante; a desvalorização da Honra e da palavra; a banalização dos sentimentos; o culto do hedonismo e, sobretudo, a chamada “libertação da mulher”, onde o fenómeno do feminismo representa o expoente mais agudo.
Ora tudo isto passou a ser politicamente correcto e aceite algo acefalamente, pelo vulgo.

A questão da demografia - que é um fenómeno complexo – tem a ver, salvo melhor opinião, sobretudo com a “emancipação da mulher” e o aparecimento da pílula, que banalizou e desresponsabilizou as relações sexuais (apesar da praga da Sida – há sempre um praga qualquer, que aparece…).
Ora a maioria das pessoas foge a discutir estas coisas, optando-se pela fuga para a frente, e os poucos que começam a preocupar-se com a falta de crianças, aponta apenas as batarias para a crise económica que coíbe os casais de terem filhos – se isto fosse assim quase ninguém tinha tido filhos desde o princípio da Humanidade…

Não direi que nas últimas décadas – o fenómeno começou a ocorrer após a II Guerra Mundial, sobretudo a partir da década de 60 – não tenham ocorrido, neste âmbito, muitas coisas positivas e progressos sensíveis, mas deve ter-se sempre em conta que todas as decisões e mudanças sociais, encerram em si vantagens, inconvenientes e consequências e cada medalha tem sempre o seu reverso.
Ora, por norma, é raro pensar-se nas consequências a não ser quando já é tarde.

A Sociologia podia dar, neste campo como noutros, uma contribuição muito útil, desde que não esteja eivada de preconceitos, correntes ideológicas ínvias, ou sequestrada de falsos profetas.
Numa palavra assumindo-se e comportando-se como uma ciência séria. Quanto ao resto todos compreendemos que não possa ser exacta.

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A Chanceler Merkel resolveu animar as hostes indígenas ao sair-lhe pela boca fora que havia licenciados a mais em Portugal (e Espanha), frase que foi realçada e algo retirada do restante contexto.

A coisa não teria qualquer importância se não vivêssemos uma época em que toda a gente fala e opina sobre tudo e a Comunicação Social sente uma pressão enorme (diria uma compulsão de negócio), em nos atulhar com todas as minudências que se passam no planeta Terra.
Acresce que desataram quase todos a bater na germânica senhora, sem quererem entender que a “União” Europeia (UE) não existe, como tal, e que ela só está a defender o que entende ser os interesses da Alemanha (ainda não reunificada).

Não vejo, por outro lado, que a Chanceler não possa falar sempre que lhe apeteça pois, que se saiba, pertencemos todos ao mesmo clube (o tal da UE).
Devemos ainda lembrar-nos da apetência que os “peixes grandes” têm em comer os “peixes pequenos”, sobretudo aqueles a quem emprestam dinheiro, não para investimento, mas para continuarem a viver…

E não enviamos nós centenas (ou milhares?), de licenciados para a Alemanha, faz anos?
Que prova é mais necessária para dar razão à Srª Merkel?

Ora os críticos da mesma senhora devem é escrever-lhe a exigir o seu retorno por eles, supostamente, fazerem cá falta, mas não estou seguro que as leis comunitárias, da livre circulação de pessoas e mercadorias, o permitam…
Se eu fosse aos críticos da chefe do governo teutônico estava mais preocupado em tentar descortinar alguma razão ponderosa naquilo que ela disse ou quis dizer.

Penso até, que há muita verdade implícita naquilo que afirmou mesmo sem, naturalmente, o saber ou ter intenção.
Parece-me inquestionável que Portugal, no seu conjunto, não tenha licenciados a mais, mas não tenho dúvidas, outrossim, que tem portadores de “canudo” a mais numas áreas e a menos noutras; que nada tem sido feito para tentar regular o mercado; que aprovaram imensas licenciaturas que não têm razão para existir; que quase tudo na Educação – melhor dizendo, na Instrução, já que a educação se dá em casa – virou negócio; que o que interessa não é ter muitos licenciados, mas sim bons licenciados – quem confia, desde há 40 anos, nos graus académicos concedidos? Etc..

Um “etecetera” extenso que não cabe aqui desenvolver, mas em que faço excepção para referir o ensino técnico e comercial (também referido pela Srª Merkel) que era de grande qualidade e que foi assassinado nos idos da última revolução que nos calhou em sorte, e que até hoje não foi posto de pé, novamente.
Os extraordinários estadistas (obviamente muito democráticos) têm andado entretidos com as “novas oportunidades”…
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Grave é também o caso de Timor e a expulsão dos juristas portugueses, datada de 31/10, o que só é ultrapassado pela reacção pífia das entidades que dizem representar a nossa soberania.

Timor continua a ser um equívoco nacional. Melhor dizendo, uma monumental mentira política.
Criou-se em Timor, em 1974/5, um problema que não existia, nem havia razões para existir.

O Timor português vivia em paz e perfeitamente integrado na soberania portuguesa.
Nenhuma reivindicação ocorria no, ou sobre o território, nem interna, nem externamente.

Os esparvoados “revolucionários” portugueses, de então, resolveram exportar a loucura que grassava em Lisboa, para Díli e criaram, artificialmente, um partido comunista, local, a “Fretilin”.
Os cordelinhos da Geopolítica internacional começaram a equacionar a existência de uma eventual pústula comunista numa zona que lhe era adversa.

Depois de muitas peripécias onde os desgraçados governos portugueses (sem autoridade para fazer coisa alguma), acumulavam asneiras e omissões, ignoraram todos os alertas e pedidos da Indonésia, levando este país a invadir o território de Timor-Leste (com luz verde dos EUA) – já depois da bandeira portuguesa ter sido arriada pela Fretilin…
As autoridades (?!) portuguesas protestaram; a tropa que lá estava não disparou um tiro e a ocupação passou a ser um facto (quase) consumado.

O Governo português perdeu, entretanto, toda a autoridade moral, diplomática e política, para exigir fosse o que fosse, dado que a partir de Dezembro de 1974, decidiu reconhecer “de jure” a escabrosa invasão de Goa, Damão e Diu, pelo estado malfeitor da União Indiana, efectuada em circunstâncias muito mais gravosas do que aquela ordenada por Jacarta.
Ninguém consciente e com vergonha na cara gosta de ouvir dizer isto, mas é a mais pura das verdades!
Os Indonésios não tiveram, por sua vez, qualquer tipo de “jeito” em lidarem com a nova realidade, usaram de brutalidades várias e conseguiram alienar qualquer tipo de empatia que se pudesse criar. A resistência armada continuava a lembrar que, apesar de tudo, o gesto indonésio beliscava o Direito Internacional (normalmente só aplicado aos grandes…), até que o bambúrrio do vídeo que documentava o “massacre” de Santa Cruz, onde se ouviam vozes de mulheres e crianças a rezarem a Avé – Maria, em português – o que parece impressionou até, alguns empedernidos ímpios tugas – acordou a diplomacia portuguesa da sua letargia, que levou, numa arrancada digna dos bons velhos tempos, a que os Indonésios acabassem por se retirar do território.
Esta fase foi acompanhada por uma mobilização nacional genuína, onde até as forças políticas mais antimilitares e outros ex- revolucionários queriam uma intervenção militar.

A má consciência, às vezes, opera prodígios…
Deu-se início, então, ao que designaram por “processo de descolonização”, que foi complexo e difícil. A má consciência internacional também ajudou, e muitos não deixaram de logo colocar os olhos no potencial em hidrocarbonetos existente.

Aí fez-se e deixou-se fazer, uma outra asneira grave: faltou colocar no referendo a 3ª pergunta, isto é, se os timorenses queriam a integração em Portugal, mas isso não interessava nada à quase totalidade dos intervenientes mais destacados. Por motivos diferentes, mas confluentes.
A má consciência, afinal, não dá para tudo!

Deste modo Timor ficou um grão de areia perdido no universo, onde apenas o catolicismo garante alguma homogeneidade, já que o português está em regressão e é apenas falado por uma minoria da população.
Ou seja Timor Lorosae não tem o mínimo de capacidades para ser uma entidade autónoma no seio das nações. A única coisa que vai subsistir são os negócios entre as pessoas que se consigam movimentar na área do poder nominal.

A actual classe política portuguesa não tem, nem tão pouco quer ter, qualquer capacidade para influenciar o que se passa em Timor. E como também destruiu todo e qualquer poder nacional – a partir do que não se pode definir qualquer política nem desenhar qualquer estratégia – faz as figuras tristes que tem feito em toda a parte do mundo.
Mas sempre orgulhosamente acompanhados.

Por isso é que o ex-guerrilheiro maubere, que muito deve a Lisboa, ocupar o cargo que ocupa, se permite impor a presença do presidente da Guiné Equatorial, na última cimeira da CPLP, ocorrida em Díli, antes de ter sido formalmente eleito; expulse como criminosos (ou espiões) os juristas portugueses que eles tinham pedido para os ajudar e, num gesto magnânimo tenha, antes, oferecido ao nosso país mais de um milhão de euros para ajudar nos incêndios florestais.
É triste e é uma vergonha para a lusa gente.

Mas lá que é merecido, é.

2 comentários:

WOLF disse...

A democracia é castigo.
Portugal e os Portugueses estão a ser castigados porque voltaram as costas ao divino, e o divino fez questão que a igualdade humana não existisse.

Ora como a igualdade humana nunca existiu, não existe, e nunca existirá, o homem ao proclamar a igualdade humana através da "religião" democrática desafia o divino.

Este então castiga o homem, até este ultimo aprender que tem que derrubar a democracia.

Será que o homem vai demorar muito aprender a lição?

Anónimo disse...

Caro Sr. Tenente-Coronel,
Gostaria apenas de lhe dizer que concordo com o que escreve a respeito de Timor. Com tudo o que se possa escrever sobre este pequeno pedaço de terra, fica sempre difícil lançar um claro olhar sobre o “fenómeno timor”. Ou seja, obter uma interpretação correcta das tensões, interesses e reais objectivos das “partes em jogo”. Isto do ponto de vista geoestratégico, claro está! Não tanto, da “ingerência” das NU (no seu sempre meritório esforço de paz? Que é só esbanjar dinheiro, … e efeitos perversos) e o seu real empenhamento naquela região. É que o trabalho da UNTAET (iniciado em 2000) apenas serviu para encobrir o desmantelamento da Resistência (confirmo que a desmobilização da guerrilha nunca existiu) de Taur Matan Ruak e posteriormente, continuou com Ian Martim (NU), para acabar com as FALINTIL/ FNDTL. Não interessava à Austrália uma força militar, ainda que reduzida! Não pelo seu potencial (reconhecidamente insignificante no contexto regional), mas pela influência que Matan Ruak detinha (e detém ainda hoje) no complexo puzzle: Xanana - Horta - Alkatiri - negócios (hidrocarbonetos). Depois do “linchamento político” de Alkatiri (onde se pede também a cabeça de Rogério Lobato/2006) apoiado e dirigido pelos EUA, segue-se a “aventura australiana”, de “invasão de território” para cobrir a desestabilização e “aniquilamento” das FNDTL e da Polícia (PNTL) liderada pelo Alf. Renato (treinado e orientado pelos australianos).
Acontece que Ruak mantinha a sua organização clandestina e a sua ascendência/prestígio (de bom Homem), factores que lhe permitiram recolher dados (evidências/provas) comprometedores (e graves) do complôt organizado por Horta/Xanana. De Xanana, sempre teve um bom historial desde os tempos da Resistência. Acontece que neste caso, os pescadores, foram pescados. O anzol ainda se mantém bem fixo na sua boca e o estralho é bastante forte. Daí o líder da guerrilha (diga-se: Taur) sempre os manteve, e ao que parece -agora PR- mantém, bem tenso.
Com respeito ao sistema judicial digo: os portugueses em cooperação, tanto juiz (es) como procurador (es), sempre se conseguiram manter isentos, de bom nome e prestigiados. Esta sempre foi a impressão, extraordinariamente positiva, que tive (2006/2007) ainda que naquela data já os tentassem demolir. Simples de compreender: a polícia (PNTL) estava de rastos; a FNDTL estavam a ser alvo de todo o tipo de ataques (Austrália, UN,…), restava o pilar judicial a abater, mantido pelos portugueses.
Sobre assuntos correlacionados, digo: actuação do SIEDM, da DGPDN e DIMIL,…, orientações específicas da componente, resultados a atingir, supervisão, fluxo de informações, etc, abstenho-me de referir, pois extravasam o âmbito deste meu apontamento e creio ser o Sr. Tenente-Coronel conhecedor de todo o caos em vigor, onde a entropia já não encontra o seu ponto mais baixo da escala.
Esta, a pequena nota que lhe deixo sobre a admirável história de um “mundo novo”, onde, até na ilha de Ataúro se viu a apetecível possibilidade de servir como ponto de ancoragem de submarinos US; e a infiltração dos KOPASSUS (SF Indonésias em 2000) se pode concluir terem sido mercenários a mando de generais indonésios que não queriam perder os seus negócios no sol nascente.
Dos volumes elevadíssimos de dadores internacionais para a reconstrução do país. Que dizer? É que, como percebi ser natural nestes casos e existindo apenas um gestor(a) (australiano), o financiamento disponível não é aplicado nos investimentos propostos e aprovados, sob a bandeira, sempre oculta, de uma qual “guerra de negócios internacional”.
Aproveito para lhe dar as felicitações pelo seu sempre prestigiado e útil trabalho e defesa da verdade e da Pátria.
Com elevada consideração,
TCOR 01341685 Rui Manuel das Neves Azevedo Machado
Oficial de ligação das Operações Especiais ao 1º BI Para (Jan-Ago 2000)
Assessor Militar do Chefe de Estado-Maior General FALINTIL/FDTL e o secretário de Defesa, no âmbito do projecto de Cooperação Técnico-Militar nº1 (2006/2007)